O fotojornalista Eduardo Gageiro faleceu na madrugada desta quarta-feira, dia 4 de junho, em Lisboa, aos 90 anos.
Eduardo Gageiro organizou a sua derradeira exposição, “Pela Lente da Liberdade”, inaugurada a 25 de Abril, na Galeria Municipal de Torres Vedras.
Nascido a 16 de fevereiro de 1935, em Sacavém, Eduardo Gageiro viu a sua primeira fotografia publicada na primeira página do Diário de Notícias com apenas 12 anos. Iniciou a carreira de repórter fotográfico em 1957, no Diário Ilustrado, tendo dedicado toda a sua vida profissional ao fotojornalismo.
Trabalhou em diversos órgãos de comunicação social portugueses, como Século Ilustrado, Almanaque, EVA, Match Magazine e Sábado, tendo sido também correspondente da agência noticiosa Associated Press. Exerceu ainda funções de fotógrafo para a Companhia Nacional de Bailado, a Presidência da República, a Assembleia da República, a editora alemã Deustche Gramophone e companhias internacionais como a Yamaha e a Cartier.
Eduardo Gageiro foi um dos primeiros fotojornalistas a chegar aos cenários do 25 de Abril, fixando as imagens do encontro dos militares no Terreiro do Paço, do assalto à sede da PIDE, da polícia política da ditadura, e o momento em que o capitão Salgueiro Maia percebeu que a queda da ditadura era inevitável e a revolução triunfara.
Durante a ditadura, captou imagens das condições precárias em que vivia grande parte da população portuguesa, tendo tido vários episódios em que foi preso pela PIDE, por causa das imagens ‘inconvenientes’ ao regime.
Durante os Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, captou imagens dos sequestradores responsáveis pelo ataque à delegação israelita.
Eduardo Gageiro foi condecorado como comendador da Ordem do Infante D. Henrique e cavaleiro da Ordem de Leopoldo II, da Bélgica.
Entre as distinções da sua carreira, conta-se o World Press Photo em 1975.
Foi nomeado “membro de honra” do Fotokluba Riga (ex-URSS), do Fotoclube Natron e da Novi Sad (ex-Jugoslávia), da Osterreichisdhe Fur Photographie, da Áustria, e recebeu o prémio de excelência da Fédération Internationale de l’art Photographique (FIAP), em Berna, na Suíça.
No II Congresso Internacional de Repórteres Fotográficos, realizado em São Paulo, Brasil, em 1966, foi nomeado vice-presidente da organização.
Mestre Fotógrafo Honorário da Associação de Fotógrafos Profissionais desde 2009, é o único português com uma fotografia em exposição permanente na Casa da História Europeia, em Bruxelas, desde 2014, indica a sua biografia.
No início deste ano, a Câmara Municipal de Torres Vedras adquiriu o acervo do fotógrafo, que já se mantinha à sua guarda e conservação.
Da exposição faz parte a fotografia “Calvário e o Relatório da Operação ‘Fim Regime’”, com uma dedicatória do capitão Salgueiro Maia ao fotógrafo.
A exposição “Pela Lente da Liberdade” parte desse acervo pode ser vista até 13 de setembro na Galeria Municipal de Torres Vedras.


